Borano
Borano, qualquer de uma série homóloga de compostos inorgânicos de boro e hidrogênio ou seus derivados.
Os hidretos de boro foram sintetizados e caracterizados pela primeira vez sistematicamente durante o período de 1912 a aproximadamente 1937 pelo químico alemão Alfred Stock. Ele chamou-os de boranos em analogia aos alcanos (hidrocarbonetos saturados), os hidretos de carbono (C), que é o vizinho do boro na tabela periódica. Como os boranos mais leves eram voláteis, sensíveis ao ar e umidade, e tóxicos, Stock desenvolveu métodos e aparelhos de alto vácuo para estudá-los. O trabalho americano sobre os boranos começou em 1931, realizado por Hermann I. Schlesinger e Anton B. Burg. Os boranos permaneceram principalmente de interesse acadêmico até a Segunda Guerra Mundial, quando o governo dos EUA apoiou pesquisas para encontrar compostos voláteis de urânio (boroidridos) para separação de isótopos, e na década de 1950, quando apoiou programas para desenvolver combustíveis de alta energia para foguetes e aviões a jato. (Boranos e seus derivados têm aquecedores de combustão muito mais altos do que os combustíveis hidrocarbonados). William Nunn Lipscomb, Jr., recebeu o Prêmio Nobel de Química de 1976 “por seus estudos sobre a estrutura dos boranos iluminando problemas de ligação química”, enquanto um dos alunos de Schlesinger, Herbert Charles Brown, compartilhou o prêmio de 1979 por sua reação de hidroboração (1956), a adição notavelmente fácil de BH3 (na forma de BH3 – S) a compostos orgânicos insaturados (ou seja alcenos e alcinos) em solventes éteres (S) à temperatura ambiente para produzir organoboranos quantitativamente (ou seja, numa reacção que prossegue na totalidade, ou quase na totalidade, até à sua conclusão). A reação de hidroboração, por sua vez, abriu novos caminhos de pesquisa na área de síntese orgânica estereoespecífica.
Os boranos que foram preparados por Stock tinham a composição geral BnHn + 4 e BnHn + 6, mas espécies mais complexas, tanto neutras quanto negativas (aniônicas), são conhecidas. Os hidretos de boro são mais numerosos que os de qualquer outro elemento, exceto o carbono. O borano isolável mais simples é o B2H6, diborano(6). (O algarismo árabe entre parênteses indica o número de átomos de hidrogênio). É um dos intermediários químicos mais estudados e de maior utilidade sintética. Está disponível comercialmente, e durante anos muitos boranos e seus derivados foram preparados a partir dele, direta ou indiretamente. Os BH3 livres (e B3H7) são muito instáveis, mas podem ser isolados como adutos estáveis (produtos de adição) com bases de Lewis (moléculas doadoras de electrões)-e.g., BH3 – N(CH3)3. Os boranos podem ser sólidos, líquidos ou gases; em geral, seus pontos de fusão e ebulição aumentam com o aumento da complexidade e do peso molecular.