Bulbocavernosus Reflex

Reflexo sacral

Dois reflexos são comumente eliciados clinicamente nos segmentos sacrais inferiores: (1) o BCR (também penilocavernosus); e (2) o reflexo anal. O registro EMG do reflexo sacral tem se mostrado mais confiável do que a resposta clinicamente avaliada (por exemplo, observar e palpar a contração) (Wester et al., 2003). O reflexo registrado pelo EMG pode ser desencadeado por estimulação mecânica, elétrica ou magnética. Os estímulos elétricos também podem ser aplicados na região perianal e, usando um eletrodo anelar montado em cateter, no colo vesical/ uretra proximal (Vodußek, 2006).

Enstimulação elétrica dos reflexos do nervo dorsal do pênis (somatossomático) nos músculos perineais com uma latência típica de cerca de 33 ms em homens (Podnar, 2007a), tradicionalmente chamado de BCR. Além da estimulação elétrica de impulso simples, podem ser usados dois pulsos elétricos idênticos separados por um intervalo de 3 ms (ou seja, estimulação elétrica de duplo impulso), o que é mais eficiente em eliciar os reflexos sacrais (Podnar, 2007a). Em homens, valores de 40, 36 e 36 ms têm sido sugeridos como o limite superior do normal para a menor latência obtida na elicitação de uma série de respostas de BCR usando estimulação simples, dupla e mecânica, respectivamente (Podnar, 2007a). As respostas de reflexo sacral registradas com eletrodos de agulha ou fio podem ser analisadas separadamente para cada lado da EAS ou do músculo bulbospongioso. Utilizando bloqueios unilaterais do nervo dorsal do pênis, foi demonstrada a existência de dois arcos unilaterais de BCR. Assim, através da detecção dos músculos bulbospongioso esquerdo e direito (e também do EAS), podem ser realizados testes separados dos arcos reflexos direito e esquerdo. Em casos de lesões unilaterais (plexopatia sacral, neuropatia pudenda) ou assimétricas (cauda equina), um arco reflexo saudável pode obscurecer um arco patológico sobre elicitação clínica, mas não sobre medidas neurofisiológicas do reflexo sacral.

A BCR demonstrou ser uma resposta complexa, muitas vezes formando dois componentes. O primeiro componente, com uma latência típica de cerca de 33 ms, é a resposta que tem sido mais frequentemente chamada de BCR. Ele é estável, não habitua e tem outros atributos de uma resposta reflexa oligossináptica (Vodušek e Janko, 1990).

Em homens com lesões cauda equina a BCR não pôde ser desencadeada em 64% / 47% dos pacientes com estimulação elétrica única/dupla, respectivamente. A medida da latência do reflexo aumentou a sensibilidade para registrar anormalidades em 17% e 36%, respectivamente. A medida da BCR aumentou a sensibilidade do EMG quantitativo dos músculos da EAS de 73% para 83% (Podnar, 2007b). Nos sujeitos em que a BCR é difícil de ser obtida, deve-se utilizar estímulos elétricos duplos. Uma lesão completa do arco reflexo não deve ser inferida pela ausência de resposta se apenas um pulso for usado para estimulação (Podnar e Vodušek, 2012).

O teste eletrofisiológico “simples” de BCR tem sido estudado extensivamente e é usado em muitos laboratórios na prática diária para demonstrar objetivamente a integridade do arco reflexo S2-4. O teste BCR é sugerido como um teste complementar ao exame da agulha concêntrica EMG (CNEMG) dos músculos do assoalho pélvico em pacientes com suspeita de lesões nervosas periféricas (Tubaro et al., 2013).

Além da latência, vários outros parâmetros também podem ser medidos usando estimulação elétrica, como, por exemplo, o limiar reflexo, avaliando assim o nível de excitação da via do reflexo sacral. Dados normativos estão disponíveis (Podnar, 2007a). O nível de excitação da via do reflexo sacral muda fisiologicamente durante o esvaziamento; o BCR não pode normalmente ser desencadeado durante a contração do detrusor, mas na presença de lesões da medula espinhal, como mielodisplasia, essa supressão normal é perdida. O registo de BCR durante o ciclo de descolamento tem sido chamado “registo dinâmico de BCR” (Walter et al., 1994). É um conceito interessante, revelando as alterações subjacentes do limiar reflexo, que, no entanto, não tem, até agora, nenhuma utilidade clínica estabelecida.

Registro intra-operatório contínuo de BCR na estimulação peniana está sendo realizado em centros especializados para proteger a inervação dos órgãos pélvicos durante cirurgias particulares (Sala et al.., 2013).

Estimulação da pele perianal, colo vesical, ou uretra proximal elicita reflexos sacrais com latências significativamente mais longas que a BCR. As respostas reflexais obtidas no colo vesical ou estimulação uretral proximal têm um membro reflexo aferente visceral (fibras que acompanham os nervos pélvicos). Com a denervação visceral (por exemplo, após cirurgia pélvica radical) os reflexos viscerossomáticos (tanto da bexiga como da uretra) podem ser perdidos enquanto o reflexo do bulbocavernoso (penilocavernoso) é preservado.